Em artigo publicado pelo jornal Correio Braziliense, o presidente da Associação Nacional dos Procuradores dos Estados e do Distrito Federal (Anape), Vicente Braga, falou sobre os desafios da segurança pública e a necessidade de integração das forças no combate ao crime organizado.
Ele destaca que é necessária “atenção neste momento em que o Congresso Nacional inicia a discussão da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública: o crime organizado torna-se cada vez mais sofisticado, diversificado e infiltrado em diferentes setores da economia, com uma influência que transcende as divisas do país e coloca em xeque a capacidade de reação do Estado”.
Estimativas recentes do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam que somente os mercados ilícitos de combustíveis, bebidas, ouro e cigarros movimentam, todos os anos, algo em torno de R$ 146,8 bilhões no país. Apenas o ouro ilegal, entre 2015 e 2020, girou R$ 40 bilhões. Outro exemplo significativo é o do tabaco, com cerca de 40% do consumo oriundo do mercado ilícito, gerando prejuízos fiscais de R$ 94,4 bilhões na última década.
Vicente ressalta que os dados são alarmantes e que Brasil deve sentar-se à mesa com todos os players, para que União, Estados e municípios dividam responsabilidades e compartilhem competências, com protocolos claros e propósitos comuns. O inimigo é o mesmo — ele avança continuamente — e não será barrado senão por uma resposta unificada, precisa e implacável.